O Trenzinho do Caipira em crítica do Jornal do Brasil (RJ)
O jornalista Ricardo Schöpke, do Caderno B do Jornal do Brasil (RJ), publicou no sábado, 29 de maio de 2010, crítica sobre o espetáculo de teatro infantil "O Trenzinho do Caipira" da Cia. do Abração, de Curitiba (PR), que se apresentou dois finais de semana seguidos no teatro da Caixa Cultural, no centro do Rio de Janeiro.
O título da crítica: Encantadora homenagem ao maestro - Riquíssimo universo musical de Villa-Lobos inspira peça que retrata diversidade brasileira.
A matéria foi assim publicada:
O Brasil pode se orgulhar de ser a pátria do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, u8m dos maiores nomes de todos os tempos na música erudita mundial e brasileira. Banhando-se em seu riquíssimo universo, a diretora Letícia Guimarães coordenou cada um dos seus atores/vagões em busca de um trem especialíssimo, sem chances remotas de descarrilhamento.
No roteiro da peça escrito em processo colaborativo - no qual os atores (conduzidos por Letícia) vão descobrindo os caminhos a serem trilhados na encenação durante o processo de criação - seis personagens de diferentes regiões do Brasil recebem uma misteriosa carta de Villa-Lobos , convidando-os para uma viagem de trem. Juntos, descobrem novos sentidos para as suas vidas e decidem então construir o seu próprio trem. Uma grande colcha de retalhos de sons, luzes, quinquilharias e muita poesia e lirismo. Quem assina a cenografia e figurino é Cristine Conde. No cenário são utilizados um grande arco frontal com vários objetos pendurados, brinquedos infantis de várias regiões do país. A base de todo o trabalho são os singelos e funcionais caixotes de madeira pintados com várias cores e que se desdobram em cena. A cena final dos caixotes se transformando em vagões de trem, composto pela fumaça que sai de um bule que vira chaminé, é um dos pontos altos do espetáculo.
A composição de cores da iluminação de Anry Aider colabora com a criação de uma atmosfera reinante nas regiões por onde as personagens viaja. Na direção musical Octávio Camargo e na sonoplastia de Maurício Vogue, ouvimos o melhor de Villa-Lobos - dentre eles as Bachianas Brasileiras no. 5 - e a sua primorosa composição que dá nome ao espetáculo: O trenzinho do caipira. Sons são extraídos de materiais reciclados, como garrafas de plástico, e também do corpo humano. Assim, como uma verdadeira sinônica natural, Villa-Lobos gravava os sons dos pássaros e da natureza. Baseada neste contexto a poética direção de Letícia busca a aproximação com este universo.
Todos os atores cantam, danças uma bem marca coreografia de Fabiana Ferreira, e interpretam tipos de várias regiões do Brasil. Cleo Cavalcantty, Paulo Matos,Moira albuquerque, Felipe Custódio, Aline da Silva e Simão Cunha estão encantadores, na medida certa para nos contar uma história de homenagem a um personagem tão rico e fascinante da arte nacional.
Rogério Viana
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